AMOR QUE MORRE

   O nosso amor morreu... Quem o diria!
   Quem o pensara mesmo ão ver-me tonta,
   Ceguinha de te ver, sem ver a conta
   Do tempo que passava, que fugia!
   Bem estava a sentir que ele morria...
   E outro clarão, ão longe, ja' desponta!
   Um engano que morre... e logo aponta
   A luz doutra miragem fugidia...
   Eu bem sei, meu Amor, que pra viver
   São precisos amores, pra morrer,
   E são precisos sonhos para partir.
   E bem sei, meu Amor, que era preciso
   Fazer do amor que parte o claro riso
   De outro amor impossível que ha'-de vir!
                                      Florbela Espanca